Este blog tem como intuito acompanhar o processo de Encenação Teatral do curso de Teatro-Licenciatura da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL) ministrado pelo Profº Dr. Adriano Moraes.Entender e acompanhar como se deu o processo.
PROJETO DE ENCENAÇÃO
OBJETIVO:
Apresentar a visão colonial sobre a população negra e como essa afeta na relação amorosa mulher negra e do homem homossexual negro
JUSTIFICATIVA:
Esse trabalho abordará pontos específicos da pauta da população negra, os quais são vistos pelos outros por atravessamento do pensamento racista que perpetua na sociedade. A primeiro momento, partiu-se para o ponto da solidão da mulher negra, de maneira que persiste até os tempos atuais que foram construídos nos tempos coloniais estereótipos acerca desse grupo, como a mulata, que é vista de forma sexualizada e comercial.
Como colocado por Pacheco (2013):
A mulher negra e mestiça estariam fora do “mercado afetivo” e naturalizado no “mercado do sexo”, da erotização, do trabalho doméstico, feminilizado e “escravizado”; em contraposição, as mulheres brancas seriam, nessas elaborações, pertencentes “à cultura do afetivo”, do casamento, da união estável. (PACHECO, 2010, p. 25)
Relacionando com o tempo da escravidão, em que mulheres negras eram vistas apenas por seus senhores enquanto objeto sexual, e pelas parceiras desses senhores enquanto inimigas, as quais não reconheciam o próprio privilégio, principalmente que quem desejava as relações sexuais eram os senhores, barões. Com isso, escolheu-se inserir os arquétipos da religião afro-brasileira para potencializar o debate dessas questões sociais, à princípio colocamos a imagem da pombo-gira para expor a dor dessa população, pois ela carrega
[...] elementos, tanto materiais como imateriais, que caracterizam uma mulher “amoral”, a própria analogia a prostituta, mulher marginalizada, permite a pombogira apresentar um comportamento e atitudes que questionam a posição de submissão da mulher. Sedutora e vaidosa, nas cerimônias ela fala palavrões, bebe muito e fuma cigarros. (PIMENTEL, p. 2, 2010)
Assim, colocamos em cena figura que não é aceita socialmente expondo um ponto que é negligenciado. E para continuar tal debate, como uma mulher vivida, para mostrar o sofrimento que já foi passado, usaremos a figura da Preta-velha, que na religião crer-se que essa figura “[...] representam a sabedoria construída não apenas pelo tempo, mas pela própria experiência.” (JUNIOR, p.210, 2014).
Para mostrar essa conexão com a dor da mais jovem, usar em cena e presentear a sua “neta” com a boneca Abayomi, em que deriva do Yoruba “Encontro precioso”. E tais bonecas eram dadas pelas mães no navio negreiros para seus filhos e filhas pudessem se sentir acolhidos diante do medo que estavam passando.
Entre isso, expor o processo de ser gay e ser negro, de tal modo que é necessário passar por processo de aceitações, e assim colocar em cena. Expor como é se deparar com a falta de identificação nas figuras do amor, pois, ainda que a relação homossexual esteja ganhando visibilidade, o negro homossexual, geralmente, não é representado na mídias enquanto ser amoroso, mas hipersexualizado pois
[...]no imaginário ocidental, um homem negro não é um homem, antes ele é um negro e como tal não tem sexualidade, tem sexo, um sexo que desde muito cedo foi descrito no Brasil com atributo que o emasculava ao mesmo tempo em que o assemelhava a um animal em contraste com o homem branco. (SOUZA, p. 100, 2009)
E com isso, há a aceitação em ser negro, por mais que pareça ser óbvio, o negro é sempre vinculado ao negativo e pouco apresentado enquanto belo, dessa maneira, é necessário compreender-se enquanto negro diante de uma sociedade que pretende embranquecer a todos.
REFERÊNCIAS:
Esse trabalho dialogará com o proposto por Abdias do Nascimento nos seus textos dramáticos, em que insere figuras da religião afro-brasileira para apontar questões sociais. Além do grupo Caixa Preta, de Porto Alegre/RS, que encenam texto clássicos com a estética da religião e cultura afro, além de outros textos.
Assim, absorveremos a cultura, como a capoeira, boneca Abayomi, figuras da religião e músicas com seus instrumentos para mostrar a riqueza que tais conhecimentos têm e geralmente é endemonizado e até criminalizado